‘Round 6’ gerou muito lucro para a Netflix... mas somente para a Netflix.
A série ‘Round 6’ se tornou um estrondoso sucesso globalmente quando lançou sua primeira temporada em 2019, gerando um lucro de US$ 900 milhões para a Netflix. Porém, de acordo com matéria do Los Angeles Times, o diretor e roteirista Hwang Dong-hyuk teria revelado o pouco lucro que isso lhe rendeu pessoalmente:
“Eu ganhei o suficiente para colocar comida na mesa, mas não estou rico.”
Ele explicou que em seu contrato com a Netflix, ele cedeu todos os direitos intelectuais da série e abriu mão de pagamentos residuais, que são as quantias que resultam do sucesso de uma produção. Se uma obra é reutilizada/reexibida após um certo período combinado inicialmente, uma taxa deve ser paga a roteiristas, diretores e artistas.
O acordo foi assinado com a Netflix após muitos anos de Hwang tentando vender seu projeto para vários emissoras sul-coreanas e internacionais, e sempre sendo rejeitado. Este é um comportamento predatório de uma gigante do entretenimento para com profissionais criativos independentes.
Este é um dos motivos para a greve dos roteiristas estar acontecendo. O Sindicato está pedindo para que o roteirista, ou criador, seja recompensado de forma justa pelos streamings, principalmente quando suas obras se tornarem um fenômeno cultural. Isso exigiria que eles liberassem os números de visualizações e que não poderiam mais obter lucros exorbitantes sem compensar de forma justa o criador daquela obra.
Em resposta ao LA Times, a Netflix não mencionou especificamente o caso de ‘Round 6’, mas argumentou que “a responsabilidade pelo tratamento justo da equipe e dos trabalhadores criativos é dos parceiros locais (produtoras coreanas), para os quais a Netflix terceiriza suas produções.” Eles estabelecem padrões altos e esperam que sejam cumpridos, mesmo que esses padrões excedam a lei coreana.
A Coréia do Sul se tornou uma grande fonte de exploração da força de trabalho do entretenimento para a Netflix, que anunciou um investimento bilionário nas produções do país. Produções internacionais não obedecem às regras do Sindicato dos EUA, muitas vezes sujeitando os profissionais a desvantagens trabalhistas.
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